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rua do imaginário

Porque existe algo em vez do nada?

Porque existe algo em vez do nada?

rua do imaginário

31
Mai16

O dilema do ecologista, II

Para além do dilema ecologista na produção agrícola, existe a questão, porventura mais grave e de resolução mais complexa, da produção animal para consumo humano. Ninguém terá dúvidas que animais como os porcos, as vacas ou as galinhas são seres sencientes, com capacidade de sofrimento. É indefensável, sobre qualquer perspectiva, que o ser Humano possa submeter outros animais a sofrimentos atrozes, tratando estes seres vivos com se fossem mercadoria inerte, como qualquer outra matéria-prima de uma fábrica de produção em massa. Mas a situação deste planeta é que temos sete mil milhões de seres humanos a alimentar, o que parece incompatível com a criação animal respeitadora do seu sofrimento.

 

Num momento em que o deputados da Republica Portuguesa se atrevem pelos terrenos pantanosos de legislar sobre os direitos dos animais de companhia, ignorar a realidade dos animais para consumo é impossível, mas parece que todos querem manter o problema invísivel. Este é também um dilema do ecologista, um dilema de todos nós, que reconhece que não podemos tratar os animais como o fazemos, mas que não pode aceitar todas as consequências da alternativa.

30
Mai16

O dilema do ecologista

Tem-se assistido à tendência crescente dos consumidores mais preocupados com o impacto no planeta e na saúde humana da industrialização da produção agrícola a consumir produtos orgânicos e biológicos. Surpreendentemente algumas vezes as boas intenções não correspondem aos resultados, e esta talvez seja uma dessas situações. Matt Ridley, autor do livro “O otimista racional”, defende que esta tendência é tremendamente prejudicial para o planeta e que se viesse a ser este um hábito de consumo generalizado poderia colocar em risco a sobrevivência do planeta. A lógica da argumentação é simples e, para um não especialista no assunto, aparentemente sólida: a produção orgânica ou biológica abdica da utilização de tecnologias hoje ao nosso dispor, o que implica uma produção de menor quantidade por hectare e a necessidade de utilização de terrenos adicionais para suporte a esta produção, nomeadamente para produzir os fertilizantes naturais necessários. O aumento da área necessária para produzir a mesma quantidade de alimentos é dramática e teria um impacto catastrófico no nosso planeta, obrigando os agricultores a conquistar terrenos a zonas hoje selvagens, sejam florestas, pântanos ou desertos. As consequências ambientais seriam trágicas.

 

De acordo com este autor a solução para a produção de alimentos não está assim num regresso nostálgico à produção orgânica do passado, inviável para alimentar os sete mil milhões de seres deste planeta, mas sim uma aposta ainda maior no aumento da produtividade e da qualidade dos alimentos produzidos. O aumento da produtividade e da qualidade que está ao nosso alcance com a modificação genética das espécies, onde ainda estamos a dar os primeiros passos, e que permite produzir mais com menos terreno e menos pesticidas, logo, com menor impacto ambiental.

 

Este é o terrível dilema do ecologista, que no fundo é de todos: a solução para o nosso planeta talvez não esteja num regresso à natureza. O aumento da população não nos deixa outra alternativa do que investir na tecnologia para conseguirmos alimentar os humanos sem destruir, ainda mais, o planeta. O regresso a métodos de produção naturais é inviável para esta densidade populacional e a melhor forma de proteger o planeta é investir em mais inovação e adotar práticas que, aparentemente, parecem perigosas e contrárias à ecologia. Um exemplo é a modificação genética de espécies, que é rejeitada pela grande maioria das organizações ambientalistas, sendo inclusivamente proibida em muitos países, mas tem potencial para garantir formas de produzir mais alimentos com um impacto muito mais reduzido sobre o nosso planeta. A contradição é que ao lutar contra estas inovações, as organizações ecologistas talvez esteja a prejudicar o nosso planeta.

 

Livro: “O otimista racional”, Matt Ridley

27
Mai16

Porquê eu?

Porquê eu? Imagino que esta deva ser a cruel interrogação de todos os que enfrentam uma suprema injustiça, por exemplo, de uma doença grave e potencialmente mortal. O ser humano tem essa necessidade de deslumbrar um sentimento de justiça, uma ordem no mundo, uma relação entre o que somos e o que merecemos. Mas todos sabemos, e todos o teremos que admitir, que o Universo é totalmente indiferente ao que nos acontece. As coisas acontecem, pronto. Não qualquer ideia de justiça, este é um conceito estranho às leis da Natureza. Mas sim, é impossível não colocar a interrogação: Porquê eu? E para esta questão, a resposta não existe. E enquanto não chega a nossa vez de colocar essa questão, devemos recordar-nos que a vida, e a consciência que dela temos, é um dom improvável, impermanente e que todos os dias nos devíamos questionar: o que devo fazer hoje para usufruir desta enorme improbabilidade que é estar vivo e com saúde?

25
Mai16

Fiquemos em silêncio, para poder ouvir os murmúrios dos deuses.

Fiquemos em silêncio, para poder ouvir os murmúrios dos deuses.

 

Esta frase, em que, infelizmente, deixei escapar o nome do autor, é de enorme beleza e profundidade. É do silencio que emerge o subtil murmúrio dos deuses. Para mim este silêncio é em primeiro lugar o silêncio da mente e o murmurio dos deuses emana da profundidade do nosso ser. É preciso silenciar a mente para ouvir a alma, é uma formulação alternativa do mesmo princípio, e um dos fundamentos da meditação budista.

24
Mai16

A dor é temporária o orgulho é para sempre

Tenho para mim que educar um filho é a tarefa mais nobre, de maior responsabilidade e que mais dificuldades, e também satisfação, pode proporcionar ao ser Humano. Ter a responsabilidade de abrir horizontes sem afogar a personalidade é uma arte, que exige esforço e atenção constante. E gera uma satisfação inigualável. A paternidade é, para o bem e para o mal, um desafio constante.

 

Nestes tempos em que a felicidade é vendida como um direito adquirido, ao alcance do bom cidadão, que deve ser consumista e submisso, a tarefa de educar para a felicidade, a verdadeira felicidade, torna-se muito complexa. Conseguir passar a mensagem de que nada do que verdadeiramente vale a pena se consegue sem esforço, sem trabalho e sem sacrifício é extremamente difícil, quando tudo o que rodeia as crianças aponta sempre no sentido da satisfação imediata. A espera, a paciência, não é valorizada na sociedade consumista. O orgulho de atingir um objectivo depois de muito trabalho e sacrifício, a felicidade do alpinista quando atinge o cume da montanha, é um sentimento difícil de transmitir para quem, desde da mais tenra idade, está rodeado por uma sociedade que fomenta o prazer imediato, baseada num perigoso falso conceito de direito adquirido à felicidade e ao prazer.

23
Mai16

Loucura

Sem a loucura o que é o homem

Mais que a besta sadia,

Cadáver adiado que procria?

 

Fernando Pessoa, D. Sebastião Rei de Portugal, Mensagem

 

 

19
Mai16

Aniversário

Com a agitação dos dias deixei passar sem assinalar a data do primeiro aniversário deste registo. A primeira publicação foi efetuada no dia 15 de Maio de 2015. Nada significa, apenas que o nosso Planeta completou mais uma volta a uma modesta estrela a que chamamos Sol desde que escrevi aqui pela primeira vez. O que aqui escrevo não é mais que um registo para memória futura de pensamentos e humores. Não interessa a ninguém. No entanto para mim a sua função é importante: é uma terapia que ajuda a organizar ideias, a libertar energias e a acalmar o espírito. Mas acima de tudo permite-me manter um breve momento que impede que o cilindro da rotina esmague definitivamente a capacidade de me admirar e de questionar o mundo. Escrever é uma libertação que nos permite levantar a cabeça e olhar para a grandiosa e improvável maravilha que é a nossa existência.

18
Mai16

Wikipedia

A internet foi certamente a evolução tecnológica que teve impacto maior na forma de vida da Humanidade. No espaço de uma geração praticamente tudo o que fazemos foi moldado pela existência e omnipresença da internet. Esta influência é sem dúvida superior nos chamados países desenvolvidos, mas os seus efeitos são transversais a todas a Humanidade, independentemente da geografia, cultura ou grau de riqueza de cada ser Humano. Ainda será cedo para afirmar, mas um dia nos registos da História certamente que a internet figurará ao lado de outras invenções estruturantes da nossa forma de viver e de pensar, como o dinheiro ou a imprensa. A internet está a alterar estruturalmente a forma de viver e de pensar, e a uma velocidade alucinante.

 

Mas a internet é apenas uma ferramenta, o animal que a utiliza é o mesmo. A internet revela o que há de pior e de melhor na Humanidade, e é utilizada para o que de mais vil e mais belo o ser Humano pode atingir.

 

De todos os projetos que a internet possibilitou a Wikipedia é dos mais belos. Uma enorme enciclopédia construída de forma colaborativa e totalmente altruísta. Envolve a colaboração de milhões de seres humanos, com origens em todo o mundo, falando centenas de línguas diferentes e de todas as condições sociais para construir um repositório abrangente do conhecimento Humano. 

 

Poderá pensar-se que, sendo um registo elaborado por um grupo alargado de pessoas sem escrutínio, que o grau de confiabilidade da Wikipedia seria reduzido. Mas aparentemente não é verdade. Várias análises e comparações têm demonstrado que a Wikipedia tem o nível de erros comparáveis a outros repositórios de informação elaborados exclusivamente por peritos e com apertados procedimentos de supervisão e revisão, como, por exemplo, as enciclopédias. Sendo de contribuição livre e um instrumento vivo que é utilizado diariamente por milhões de pessoas a Wikipedia tem uma capacidade enorme de detetar os erros e de se autocorrigir.

 

A Wikipédia é provavelmente o maior projeto colaborativo da Humanidade. É um projeto feito em nome do conhecimento, um projeto de paz e que demonstra o poder da colaboração entre os seres Humanos. A Wikipedia sublima o que de melhor existe na Humanidade.

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