Viver o agora
Um dos capítulos do livro “Ensaios de Amor” de Alain de Botton tem por título “Medo da felicidade” e reflete sobre a nossa incapacidade de sermos verdadeiramente felizes, em parte por culpa precisamente da pressão exercida pela sociedade para sermos felizes. A felicidade, tal como é entendida pela sociedade, é uma sensação transitória, é um momento. Antecipamos com expectativa os momentos que esperamos vir a ser de felicidade (o futuro), uma viagem, umas férias ou um jantar com amigos, por exemplo. No entanto, quando vivemos esses momentos (o presente) nunca corresponde realmente a uma felicidade total e livre de angústias. Porquê? Porque sabemos que é transitório e que esse momento e nunca corresponde totalmente ao antecipado. Não estamos a viver o momento.
É fundamental sabermos que a felicidade é também saber viver o momento, sem nostalgias pelo passado ou ansiedades pelo futuro. Viver o agora é poderoso e pode transformar a nossa vida. Escrevia com sabedoria Marie Curie numa carta à sua filha Irene: “Com a idade aprendemos que a capacidade de viver o momento é um bem imenso, como um estado de graça.”
“Ensaios de Amor” é o primeiro livro de Alain de Botton, escrito quando tinha apenas 23 anos, e talvez seja o mais interessante dos que conheço. Um misto entre uma estória de amor e um tratado filosófico sobre este tema, o livro consegue ao longo de uma banal (para os outros) estória de amor ir refletindo sobre conceitos filosóficos de forma muito interessante.
Ensaios de Amor, Alain de Botton