O equívoco da felicidade
O conceito de felicidade tornou-se na cultura em que vivemos algo de extremamente valorizado. Vivemos tempos hedonistas, em que a influência cultural cristã de sofrer em vida para receber a recompensa após a morte está lenta mas inexoravelmente a desaparecer. O sistema capitalista liberal e a publicidade consumista bombardeia-nos com imagens de pessoas de sucesso e felizes.Neste contexto o sentimento de felicidade tornou-se a medida de todas as coisas, o objetivo de vida.
Esta questão é tão mais trágica porque parece que ninguém sabe bem o que é a felicidade.
É comum confundir a felicidade com outros sentimentos, bem distintos. Confude-se felicidade com alegria, com conforto, com bem-estar, com prazer. Confunde-se felicidade com o consumo, com a posse e a riqueza material. Confunde-se o ter com o ser. São todos conceitos bem distintos do que é o âmago da felicidade.
As análises aos níveis de felicidade indicam que esta é independente do conforto material, do sucesso profissional ou social e das condições de vida. O nível de felicidade depende mais da propensão biológica para a felicidade de cada um, e de questões subjetivas de expectativa e filosofia de vida do que de questões objetivas de qualidade de vida e de sucesso material.
E este é o grande equívoco dos nossos tempos: considerar a felicidade, sem saber bem do que se trata, como a medida do sucesso enquanto pessoa.