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rua do imaginário

Porque existe algo em vez do nada?

Porque existe algo em vez do nada?

rua do imaginário

30
Nov15

Antes do início do tempo

O que aconteceu antes do início do tempo? Antes de Einstein esta questão não faria qualquer sentido. O tempo era algo imutável, que sempre tinha existido, sempre iria existir e decorria sempre da mesma forma para todos e em todo o lado. O tempo não era uma dimensão. Foi a Teoria da Relatividade que permitiu que o tempo fosse pensado como mais uma dimensão. Foi essa a principal revolução mental da Teoria da Relatividade.

 

Com a teoria do “big-bang” (denomina-se teoria não por não estar provado mas por não ser possível testar empiricamente) do nascimento do universo a partir de uma singularidade, de um único ponto, o tempo passou a ter um início. Com base na Teoria da Relatividade que os cientistas conseguem hoje compreender e suportar matematicamente o que aconteceu no Universo até milésimos de segundos após o início dos tempos. Foi com o “big-bang” que o tempo que nós conhecemos se iniciou, que todas as constantes da física que definem o comportamento do nosso Universo, e que possibilitaram a nossa existência, se formaram. Até esse momento temos um grau de certeza bastante elevado sobre como tudo aconteceu. O que aconteceu antes não pode passar de especulação, de um divertimento intelectual sobre algo que nos será provavelmente interdito, que está inexoravelmente fora do nosso alcance. Mas, mesmo sabendo isso, não deixa de ser inevitável procurar coerência e beleza para a resposta à questão: o que terá acontecido antes de se iniciar o tempo?

27
Nov15

Relatividade

 

Foi no dia 25 de Novembro de 1915 que Albert Einstein publicou a Teoria Geral da Relatividade. Passam agora 100 anos sobre esta revolução do pensamento científico. O conceito de relatividade do tempo (e a interligação entre matéria, espaço e tempo) foi o golpe de génio que revolucionou a forma de pensar sobre o fundamentos do Universo em que vivemos. Um salto quântico da evolução do conhecimento Humano, uma revolução coperconiana, em que há um antes e um depois, em que nada mudando, tudo fica diferente.

 

A evolução do conhecimento é feita fundamentalmente através de pequenos tijolos, em que os cientistas sobem nos ombros uns dos outros para conseguir ver mais além. Mas há raros momentos em que um génio, de um só golpe, muda a perspectiva de tudo. São poucos os humanos que conseguiram estes saltos quânticos para a humanidade, e Albert Einstein foi um deles.

 

Não menos importante é a extrema beleza da teoria da relatividade. Se o Universo foi construído com base em regras que sejam inteligiveis para seres Humanos (que são resultado aleatório e transitório da existência do Universo) é algo extremamente improvável que transcende a ciência e a filosofia. Mas talvez o nosso conhecimento não seja mais que uma simplificação adequada aos nossos cérebros que consegue explicar o que conhecemos do  Universo. E sendo assim, a beleza intelectual da explicação é importante por si mesma.

25
Nov15

O tempo que não nos pertence

Os dias frios e solarengos de Inverno são únicos. Com o nascer do Sol a escuridão é gradualmente vencida e o céu pinta-se de cores quentes numa aguarela mutante que culmina num céu azul cristalino. Sentir o frio da manhã e a luz transparente do sol de Inverno acorda-nos para a vida, enquanto a cidade sonolenta desperta a dois tempos: primeiro lenta e subtilmente e depois, na rotina das massas, de forma aguda e brusca.

 

Nestes dias viajar de mota, viseira aberta, sentindo o ar leve e gélido na cara dá uma agradável ilusão de liberdade. Ilusão, porque o tempo não nos pertence. Com nostalgia de um passado imaginário e esperança de um futuro que nunca poderá acontecer.

24
Nov15

A única conclusão é morrer

 

Lisbon Revisited (1923)

 

NÃO: Não quero nada.

Já disse que não quero nada.

 

Não me venham com conclusões!

A única conclusão é morrer.

 

Não me tragam estéticas!

 

Não me falem em moral!

 

Tirem-me daqui a metafísica!

Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas

Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) ?

Das ciências, das artes, da civilização moderna!

 

Que mal fiz eu aos deuses todos?

 

Se têm a verdade, guardem-na!

 

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.

Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.

Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?

Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?

Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.

Assim, como sou, tenham paciência!

 

Vão para o diabo sem mim,

Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!

Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!

Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.

Já disse que sou sozinho!

Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

 

Ó céu azul? O mesmo da minha infância?

Eterna verdade vazia e perfeita!

Ó macio Tejo ancestral e mudo,

Pequena verdade onde o céu se reflete!

Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!

Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...

E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!

 

Álvaro de Campos

23
Nov15

Sentido estético da existência

As pessoas correm, fumegam, buzinam umas às outras, a elas próprias, num frenesi de urgências ridículas. Pensar: é um luxo. É preciso correr, não se pode parar, num movimento perpétuo sem objetivo. Constantemente empurradas pelas costas, sem vontades e sonhos, fogem do seu próprio destino, fecham-se dentro de si, blindam-se aos outros.

 

É urgente partilhar, comungar, amar. Conhecer o sentido estético da existência. É urgente a consciência do tempo.

 

Ter consciência do tempo é ter consciência da morte. Será por isso ignoramos o tempo que passa, vivendo a urgência do efémero e esquecendo o que é importante, verdadeiramente importante, como forma de recalcar a angústia da morte eminente?

 

19
Nov15

Da insuficiência das palavras V - Nós

 

A palavra "nós" pode referir um conjunto alargado de conceitos que refletem desde uniões efémeras e circunstânciais a projectos de uma vida. Da equipa que se junta para um jogo de futebol ao fim de tarde entre amigos, em que o "nós" e o "eles" termina quando acaba o jogo, até uma relação de vida, como um casamento ou a família, em que o "nós" significa algo que pode (deve?) transceder cada elemento da relação.

 

São dois conceitos totalmente distintos vertidos pela mesma palavra, o que limita e restringe o nosso pensamento. A linguagem que temos ao nosso dispor afeta, de forma subtil mas decisiva, a nossa forma de pensar.

 

Com a maturidade que a idade nos confere o "nós" é um conceito que perde gradualmente a sua importância quando utilizada para referir conceitos em oposição ao "eles" e que ganha todo o seu significado para os projetos de vida enquando conceito que transmite algo que supera o individuo. E este segundo significado é fundamental no sentido da vida que cada um constrói e que, no fundo, se torna o seu legado.

 

18
Nov15

So, why worry?

Why Worry

 

Baby I see this world has made you sad
Some people can be bad
The things they do, the things they say
But baby I'll wipe away those bitter tears
I'll chase away those restless fears
That turn your blue skies into grey
Why worry, there should be laughter after the pain
There should be sunshine after rain
These things have always been the same
So why worry now
Baby when I get down I turn to you
And you make sense of what I do
I know it isn't hard to say
But baby just when this world seems mean and cold
Our love comes shining red and gold
And all the rest is by the way
Why worry, there should be laughter after pain
There should be sunshine after rain
These things have always been the same
So why worry now

 

Dire Straits

16
Nov15

Da insuficiência das palavras IV - Desumanidade

A palavra desumanidade que designa algo que é contrário às características comuns da humanidade, no sentido de cruel, insensível, egoísta, destruídor, bárbaro ou selvagem, necessita claramente de revisão. Perante o ódio, a crueldade, a ganância, a indiferença pelo sofrimento dos outros e a destruição do planeta que dominam estes tempos, talvez a palavra humanidade possa assumir melhor este significado. Porque na realidade, como percebeu Ambrose Bierce no seu “Dicionário do Diabo”, a desumanidade é a característica que melhor define a humanidade.

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