Na gestão de empresas fria e contabilística dos tempos que vivemos as pessoas são consideradas como recursos e tratadas de forma numérica e unidimensional numa qualquer folha de cálculo. Uma empresa não é feita por “colaboradores”, termo que é hoje usual utilizar, mas por trabalhadores, pessoas que dão o que têm de mais precioso, que é o seu tempo, pelo bem comum de uma comunidade de trabalhadores, clientes, fornecedores e, em última análise, pela sociedade em geral. O objetivo último não é o bem da empresa, que não é mais que uma ficção, mas o bem das pessoas reais, pessoas com personalidade, família, ideias e fraquezas. A empresa é o meio, não o fim.
A ética terá de ser sempre um imperativo, qualquer que seja a teoria moderna de gestão que se utilize. O que não acontece. E quem é dono de uma empresa não pode dizer que, por ser sua posse, pode fazer o que bem entende: uma empresa emerge da sociedade, que justifica a existência da empresa, e tem obrigações para com essa sociedade. O dono não pode ser parasita da sua propriedade, a empresa tem obrigações para com a sociedade.
Certamente que o génio de Charlie Chaplin saberia encontrar a forma certeira de ridiculizar estes tempos modernos.