A morte do físico Stephen Hawking levou-me a reler o seu famoso livro de divulgação cientifica “Uma breve história do Tempo”. Foi escrito há trinta anos mas não creio que esteja fundamentalmente desatualizado. Desde daí já foi possível comprovar empiricamente algumas das conclusões que eram apenas hipóteses teóricas naquela altura, como por exemplo a deteção das ondas gravitacionais previstas por Einstein ou a criação de algumas partículas no potente acelerador do CERN. Mas o objetivo último dos físicos e matemáticos de encontrar uma única teoria unificadora que agregue o mundo quântico e eletromagnético com o mundo gravitacional, teoria que há cerca de 100 anos existe a convicção de estarmos muito perto de o conseguir, continua por atingir.
A releitura de "Uma breve história do Tempo" foi desconcertante por me fazer refletir não só na complexidade, mas principalmente, na estranheza, da estrutura do Universo. Conceitos como a relatividade do tempo, o principio da incerteza quântica, a dualidade onda-partícula, partículas de spin 2 (em que apenas após duas rotações completas voltam a ficar na mesma posição), quarks e inúmeras partículas variadas como gluões, ou gravitões, as ondas gravitacionais que modificam o espaço-tempo na sua passagem, buracos negros que evaporam, a teoria das cordas, mundos com dezenas de dimensões ou o tempo imaginário.
É enorme a quantidade de conceitos e entidades estranhas que parecem ter sido criadas pela mente de um escritor de ficção cientifica genial com uma imaginação delirante. O universo tem-se revelado um local estranho. E pode piorar, porque o Universo não tem qualquer obrigação de ser compreensível para a capacidade do nosso cérebro. Seria extremamente presunçoso dos Humanos pressupor isso. Podemos, portanto, estar a tentar entender algo que esteja definitivamente fora do nosso alcance. Mas que isso nunca seja motivo para o não tentar. É essa a grandeza da Humanidade, o animal que se fez deus.
Uma breve história do Tempo, Stephen Hawking