A inutilidade da revolta
Diz o não-crente: caso fosse crente sentiria uma enorme revolta contra Deus, por existirmos para ter que aceitar a morte e um mundo tão injusto. Responde o crente: perante a coexistência de um Deus omnipotente e um mundo cruel e imperfeito nunca senti uma gota de revolta. No entanto, a ausência de revolta comum ao não-crente e ao crente radica na mesma origem: porque é inútil. É inútil a revolta, mas provavelmente necessária.
A dúvida pertinente é sobre qual o maior consolo perante a insignificância e a pequenez da nossa existência: o consolo do crente, que tem fé no sentido da vida mas cuja compreensão lhe está vedada, ou o do não-crente, que tem que aceitar a total ausência de um qualquer sentido para a existência.
A resposta, como por vezes acontece, só existe na poesia.