Ilusão e realidade
Reconhecer a realidade como uma forma da ilusão, e a ilusão como uma forma da realidade, é igualmente necessário e igualmente inútil.
14-5-1930
Livro do Desassossego por Bernardo Soares. Vol.II, Fernando Pessoa
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Reconhecer a realidade como uma forma da ilusão, e a ilusão como uma forma da realidade, é igualmente necessário e igualmente inútil.
14-5-1930
Livro do Desassossego por Bernardo Soares. Vol.II, Fernando Pessoa
O tempo é ilusão. O passado são apenas memórias residentes no cérebro algures entre os nossos neurónios e as ligações das suas sinapses. As memórias são uma construção só nossa. O futuro é uma expectativa, apenas isso. O que existe é o agora, somente o Agora. O tempo psicológico é a ilusão de uma continuidade entre passado e futuro criada pelo nosso cérebro, uma poderosa ilusão de uma linha que flui entre o passado, as nossas memórias, e um futuro que assumimos existir mas que não tem qualquer realidade.
Na física as conclusões são semelhantes: não existe tempo. O tempo único e Universal, o metrónomo que marca o ritmo universal, não existe. O Universo pode ser explicado matematicamente sem recurso a uma variável que represente o tempo.
Existe assim uma curiosa semelhança entre o entendimento do nosso tempo pessoal, o nosso Ser, e o atual conhecimento da ciência sobre o que é o tempo. Certamente que não é coincidência. Nem o tempo nem a realidade são o que nos parecem. O mundo e tempo que conhecemos existe só dentro de nós, no nosso imagimário. Conseguir aceitar este facto, libertarmo-nos da ilusão do tempo, é uma profunda revolução que faz toda a diferença na forma como entendemos o que é vida e o que é viver.
A realidade não é o que parece, Carlo Rovelli
O Poder do Agora, Eckhart Tolle
não se sai do abismo,
aprende-se a sua linguagem
Vasco Gato
Foi há cinco anos que iniciei o “Rua do Imaginário”. O que desde então aqui anotei, pequenos pensamentos, desabafos, inquietações, momentos, sentimentos ou poesia que me tocou de alguma forma especial, existe, real e concreto, no imaginário. Já não sou a mesma pessoa que há cinco anos iniciou estes apontamentos, isso é certo. Um pouco da história dessa transmutação contínua do eu a que chamamos viver está aqui descrita
E foi assim que tudo começou:
Em Évora existe uma rua chamada “Rua do Imaginário”. Não é propriamente uma rua, é uma travessa, estreita e um pouco retorcida, emuldurada de casas caiadas de branco e amarelo. Naquele dia estava deserta.
É um bonito nome para uma rua, um nome que por si só é um poema. Um nome que nos remete para um mundo íntimo e irreal. Sim, é íntimo, mas não irreal. Tudo o que é verdadeiramente importante é o que existe no nosso imaginário, a realidade é só um constrangimento. O que existe é o que acreditamos que existe e nada morre verdadeiramente enquanto existir no nosso imaginário.
Na idade dos porquês perguntavam-me os meus filhos se a fada dos dentes existe. A resposta, só pode ser uma: sim, existe enquanto acreditarem que existe. Como existem dragões, unicórnios, a justiça, o amor ou o sentido da vida.
O imaginário é a realidade mais importante.
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