A viagem acontece
A viagem acontece, não pelo local que se percorre, mas pelos olhos com que se olha. Quando nos dispomos a sair da nossa bolha, o tem mais relação com a atitude do que com a geografia, os nossos sentidos ficam alerta e reparamos em pormenores que nos passam despercebidos na sonolência da rotina. Reparamos em outras gentes, outras culturas e outras formas de vida. Observamos as pessoas, como falam, como se vestem, o que comem, as suas conversas e os seus gestos. Como somos todos tão diferentes e como somos todos tão iguais. Recebemos uma sabedoria valiosa: que o mundo é afinal maior que as nossas vidas. Conseguimos, enfim, tocar o mundo. Viajar é assim a forma mais completa de educação.
Ao olhar um mapa e ver os nomes enigmáticos de cidades, aldeias, montanhas ou rios, as estradas que traçam percursos, questiono como serão as pessoas que lá vivem, como serão as paisagens, a que cheirará o ar. Gostava de sentir o ambiente desses locais mas sei que, quase certo, nunca os conhecerei. Cada Homem tem a sua lenda, o seu sonho por cumprir: o sonho de viajar, de ser nómada como os nossos antepassados, sem destino e sem pressas. Mas, tal como as árvores, os Homens também podem ganhar raízes.