Ilusões de livre arbítrio
Num mundo em que todos os deuses estão mortos, a Humanidade ficou órfã do seu sentido de vida superior e da sua alma. Em troca, recebeu a total responsabilidade pelas suas decisões. A religião de todos nós, crentes e não crentes, é agora o Humanismo, em que o Homem e os seus desejos são a medida de todas as coisas.
Simultaneamente a ciência diz-nos que tudo é causa e consequência e, por leis que ainda não conhecemos na totalidade mas que sabemos que existem, tudo o que acontece pode ser determinado conhecendo o estado inicial. Assim, também as nossas decisões são pré-determinadas, seja pela nossa genética, pela composição bioquímica no cérebro no momento da decisão, ou por algo que, de tão complexo para o nosso entendimento, nos parece controlado por nós. Mas pode não ser. A decisão poderá ser uma ilusão.
Se assim for, o livre arbítrio é imaginário e jaz, juntamente com a nossa alma e o nosso sentido de vida, no cemitério dos deuses. Neste caso, o que nos sobra?
Livro: “Homo Deus, uma breve história do amanhã”, Yuval Noah Harari