Livre arbítrio e a unicidade da realidade
Se tudo no mundo acontece obedecendo a leis físicas e químicas precisas, exatas e deterministas, significa que, perante uma determinada configuração precisa o resultado será sempre o mesmo, independentemente do número de vezes que o acontecimento ocorra. Será que os nossos pensamentos são consequência única de acontecimentos deterministas provocados pelo estado do nosso cérebro a nível de neurónios, sinapses, presença de determinadas hormonas e determinados nutrientes ou elementos químicos? Ou colocando a questão de outra forma: pertencerá o nosso imaginário à mesma realidade que o Universo?
Assumir a existência de uma única realidade regida por leis físicas deterministas coloca-nos numa área de desconforto. A nossa experiência diz-nos que temos a capacidade livre e pessoal de tomar decisões, ou seja, que somos possuidores de livre arbítrio. Sentimos que a realidade do nosso cérebro não depende só de condições físicas. Mas de facto nada nos pode indicar isso, porque nunca poderemos determinar que a decisão que tomamos não dependeu exclusivamente de determinadas condições e que nessas condições alguma vez poderíamos ter uma decisão distinta. A saída é postular que o nosso imaginário é real, sim, mas pertencendo a uma realidade distinta do Universo. Que nenhum bater de asas de nenhuma borboleta em algum lugar poderá alguma vez influenciar o que vou pensar, fazer ou sentir.