O Aroma do tempo
“O Aroma do Tempo, Um ensaio filosófico sobre a Arte da Demora” do filósofo Byung-Chul Han é uma interrogação sobre como vivemos o Tempo no nosso tempo. Vivemos tempos velozes. E sabemos que é preciso tempo para aprofundar o pensamento, ou, na feliz expressão do autor, a “amplidão do Ser”. A comtemplação oferece-nos tempo, a velocidade retira-nos tempo. E sem tempo apenas navegamos na superfície, ao sabor das correntes e dos ventos, num quotidiano permanentemente reativo. A sabedoria exige tempo. E a vida moderna, na sua agitação, na elevação dos ocupados, dos que andam em permanente pressa, onde tudo tem que ter retorno imediato, onde não se espera, impede ver o detalhe do que se esconde para além do óbvio de todas as coisas. E a beleza maior do mundo está no detalhe.
Todos vós, que amais o trabalho selvagem e o rápido, o novo, o estranho, suportai-vos mal a vós mesmos, a vossa diligência é fuga e vontade de esquecimento do vosso próprio ser. Se acreditasseis mais na vida, lançar-vos-íeis menos no instante. Mas não tendes em vós conteúdo bastante para a espera – e nem sequer a preguiça!
Friedrich Nietzsche
A demora contemplativa concede tempo. Dá amplidão ao Ser, o que é algo mais do que estar ativo. Quando recupera a capacidade comtemplativa, a vida ganha tempo e espaço, duração e amplidão.
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À falta de sossego, a nossa civilização desemboca numa barbárie. Em nenhuma época foram mais cotados os ativos – quer dizer, os desassossegados. Entre as correções necessárias que devem introduzir-se no caráter da humanidade, conta-se portanto, uma ampla medida de fortalecimento do elemento contemplativo.
Byung-Chul Han
O Aroma do Tempo, Byung-Chul Han