O turismo mata a viagem
Viajar é diferente de fazer turismo especialmente no sentido em que o viajante pretende conhecer o local para onde se desloca, imergir no destino abdicando do ar que respira, abandonar a sua zona de confiança. O turista nunca, em momento algum, pretende sair da sua bolha conforto. O viajante abandona o seu mundo, o turista viaja com ele.
O viajante tenta ver o mundo com olhos de principiante, esquecendo a formatação que a sua educação lhe incutiu. Viajar é pretender ser o destino, é ver e sentir tudo como pela primeira vez. Libertarmo-nos dos condicionalismos culturais sabemos que é tarefa impossível, mas ao viajante será, de todos, o que mais perto estará de o atingir.
A tragédia do viajante é a explosão do turismo e a globalização das útlimas décadas. O que o viajante vê não é o destino mas aquilo em que o destino se transforma quando é observado. Tal como no Princípio da Incerteza de Heisenberger, também aqui a observação altera o comportamento do observado. O turismo degenerou o seu alvo, criando algo que não é genuíno e impossibilitando o real objetivo do viajante.