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Na nossa infância temos um conceito de “adulto” como alguém que, pela experiência ou por algum conhecimento obtido de forma para nós insondável, sabe algo mais do que nós. O adulto é alguém que já não sofre das angústias das decisões de vida, para quem a burocracia do viver não tem segredos, que sabe sempre o que fazer em cada momento. No fundo durante essa fase da nossa vida temos o conforto de saber que há um adulto que nos pode amparar, uma rede de segurança nos volteios trapezistas da nossa juventude.
Só que o tempo vai passando e chega um momento em que inevitavelmente temos que questionar: quem são agora os adultos? E um dia a resposta a essa questão surge intimidante: agora os adultos somos nós. Não há ninguém mais, os adultos, somos inevitavelmente nós. E, qual não é o choque, quando percebemos que isto de se ser adulto não é em muito diferente das outras fases da vida, continuamos a ser uma infindável lista de angústias e incompreensões perante os problemas que a vida e a morte nos vão colocando diariamente. Descobrimos que aquela velha frase, que todos certamente já ouvimos em criança, do “quando fores adulto vais perceber” é uma fraude, afinal parece que sou adulto agora e continuo sem perceber nada. A imagem que vemos todos os dias no espelho vai envelhecendo, a criança dentro de nós há muito que anda desaparecida, mas continuamos sem saber nada do que é isso de ser adulto.