Previsões auto-realizáveis
A economia é uma ciência que labora principalmente sobre o imaterial, a sua matéria-prima são sentimentos como a confiança ou as expectativas. A economia emana do Homem, não da Natureza. O dinheiro é uma ficção, talvez a mais magistral invenção da Humanidade, é uma abstração total e tudo o que existe à sua volta é etéreo e imaginário. É por este motivo que não me deixo de admirar com as previsões para o futuro que uma miríade de organizações, a maioria com interesses concretos no resultado do que preveem, se dedicam a publicar e a que os jornais, que frequentemente ignoram temas bem reais, reproduzem em textos sérios. Imagino centenas de equipas de economistas a analisarem centenas de indicadores e complexos gráficos, a utilizarem algoritmos evoluídos que tentam detetar relações entre infindáveis variáveis, para com base no comportamento do passado preverem o comportamento futuro. Mas, quase tudo se resumindo a sentimentos, a sua divulgação vai afetar o próprio comportamento. O facto de o prever vai alterar a probabilidade do acontecimento. São as previsões auto-realizáveis.