Tempo imaginário
O livro “A ordem do Tempo” destruiu tudo o que pensava saber sobre o tempo. De uma forma quase poética Rovelli explica conceitos extremamente complexos e demonstra que este universo onde vivemos é bem mais estranho que que poderíamos supor. A dúvida é se o nosso cérebro (o do Homem) estará à altura de conseguir compreender toda a complexidade do universo. Não existe qualquer motivo para que tal aconteça. Mas supondo que sim, Rovelli leva-nos por uma viagem a um mundo alucinante e extremamente estranho, que é o mundo do que sabemos hoje sobre o nosso Universo.
O que se conclui é que o tempo não é necessário na explicação do Universo. Que não faz parte integrante do que existe. A noção que temos de tempo e do seu fluxo em sentido único é algo que emerge do que existe no Universo, que resulta de conhecermos o mundo de forma desfocada, mas que não existe per si no Universo. O que move o universo não é o tempo, nem a energia, é a entropia (que é única variável física fundamental que tem uma direção, tende sempre a aumentar).
Estas ideias de “A ordem do tempo” consistem numa revolução copernicana que, sem mudar nada, nos dá uma perspetiva totalmente diferente do que é este estranho mundo, em que o tempo é um subproduto involuntário do que existe, tal como o somos nós próprios. O tempo só existe para nós, para cada um de nós, e não para o Universo. O nosso sentido do fluxo de tempo resulta de registarmos memórias do passado e de tentarmos prever ou antecipar o futuro. Porque o que existe é apenas o presente e nada mais. O tempo somos nós, o tempo é imaginário.
A ordem do tempo, Carlos Rovelli, Ed. Objetiva 2018